Neste Agosto Lilás, mês de enfrentamento à violência contra a mulher, a Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (FETEMS) reitera o papel fundamental da Educação Pública. Com uma categoria formada por aproximadamente 85% de mulheres e uma diretoria que assegura paridade de gênero (50% feminino e 50% masculino), a entidade tem na liderança à Presidenta Deumeires Morais, a quarta mulher e a primeira mulher negra a ocupar a presidência.
Os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024 ilustram a urgência deste debate nas salas de aula, revelando que o Brasil registrou 3.700 homicídios e feminicídios de mulheres, uma média de 10 mortes por dia. Se a média for relacionada apenas aos 1.492 casos registrados como feminicídios, a taxa é de 4 mulheres brutalmente assassinadas por dia por companheiros ou ex-companheiros.
A situação em Mato Grosso do Sul é particularmente alarmante. A proporção de feminicídios em relação aos homicídios de mulheres no estado foi de 62,5%, a segunda maior do país. Além disso, as mulheres sul-mato-grossenses registraram 169 tentativas de feminicídio, uma média de 14 por mês. As medidas protetivas de urgência foram solicitadas em 16.156 ocasiões, o que equivale a 44 mulheres por dia pedindo proteção, ou até duas por hora. Os casos de estupro e estupro de vulnerável no estado chegaram a 2.451, ou praticamente sete casos registrados por dia.
A presidenta da FETEMS, Deumeires Morais, salienta que a educação é a ferramenta mais poderosa para combater essa realidade. “A violência não se restringe à agressão física. Dados de Stalking (779 registros em MS) e violência psicológica (525 registros) mostram que a opressão vai além. O Anuário registrou mais de 95 mil casos de perseguição no Brasil, uma média assustadora de 10 mulheres por hora. A FETEMS defende uma Educação Pública que forme cidadãos conscientes, capazes de questionar e desconstruir as estruturas patriarcais que naturalizam essa violência. Nossas educadoras e nossos educadores são agentes de transformação”, afirma.
A intersecção de raça e gênero intensifica a violência. As mulheres negras são as principais vítimas de feminicídio, representando 63,6% dos casos em 2024. “Isso evidencia uma desigualdade social profunda. Para a FETEMS, combater essa violência é lutar por um sistema educacional que promova a igualdade de gênero, valorize o respeito e prepare nossas crianças e jovens para construírem uma sociedade mais justa e segura para todas as mulheres”, conclui Deumeires.