Today sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Breaking News
FETEMS

Site de Notícias da FETEMS

Novo ensino médio pode aumentar evasão escolar, afirma diretor do MEC

Novo ensino médio pode aumentar evasão escolar, afirma diretor do MEC

A Subcomissão Temporária para Debater e Avaliar o Ensino Médio no Brasil (Ceensino) realizou audiência pública, nesta quinta-feira (4), sobre problemas na implementação da reforma do ensino médio (Lei 13.415, de 2017). O debate foi o primeiro do colegiado, conforme plano de trabalho proposto pela presidente da subcomissão, senadora Teresa Leitão (PT-PE). O documento prevê outras sete audiências que ocorrerão até o mês de julho.

Para a senadora, os debate sobre o tema é resultado de como o governo decidiu lidar com as opiniões favoráveis e contrárias ao novo modelo.

— Foi importante a resolução da equipe de transição [do governo] que ficou entre os dois polos: o “revoga já” e o “revoga nunca”. E o caminho foi justamente a gente ter esse espaço de debate para análise, para crítica, e para, sobretudo, indicar novos caminhos da perspectiva de inclusão e combate à desigualdade, que são a base do governo Lula — disse Teresa.

O diretor de Políticas e Diretrizes da Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Alexsandro do Nascimento Santos, sintetizou os pontos de concordância e discordância. Para o representante do MEC, três princípios da lei são corretos, mas possuem obstáculos.

— Não há divergências sobre expandir a jornada escolar. Todavia, estender o tempo sem pensar na qualidade pode ser problema sério: pode produzir evasão [de alunos]. O segundo princípio [correto] é a flexibilidade curricular. Todavia, o MEC se esquivou de coordenar esse processo e as desigualdades produzem efeitos naquilo que cada estado pode fazer. O terceiro principio é a ideia de que a formação profissional deva estar no ensino médio não de maneira compulsória, mas na perspectiva do direito — defendeu Alexsandro, que relembrou as quatro tentativas de reforma legislativa sobre o assunto desde 1996.

O secretário de Articulação Intersetorial e com os Sistemas de Ensino (Sase) do MEC, Mauricio Holanda Maia, observou a sensibilidade da questão.

— Reforma, revogação ou aperfeiçoamento do ensino é um tema muito sensível hoje. É uma das reformas mais difíceis de se fazer. Quero legitimar a posição de quem defende revogação, pois eu vejo que há motivos legítimos. Mas quero também legitimar posição mais cautelosa. Ao revogar uma lei, não se estabelece de imediato o dispositivo anterior — disse Maurício.

O secretário do MEC ainda explicou a consulta pública realizada pelo órgão para ouvir a sociedade e especialistas com o objetivo de subsidiar futuras decisões da pasta sobre o assunto. Segundo Maurício, a consulta atende a 12 estratégias que incluem realização de seminários, oficinas com famílias e pesquisa aberta ao público na plataforma Participa+Brasil. Iniciada em março, a consulta terá duração de 90 dias, prorrogável por igual período. A postura do órgão ante a consulta foi alvo de críticas em audiência pública realizada no Senado, no mês de abril, com representantes dos estados.

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Manuel Palacios da Cunha e Melo,  disse que a falta de detalhes na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) — documento que estabelece conhecimentos esperados de todos estudantes — e o foco na escolha do futuro profissional do estudante prejudicam avaliação adequada no Enem.

— Há uma série de documentos produzidos pelo MEC que lidam com a ideia de que o jovem deve fazer o teste orientado para suas escolhas na sua educação superior. Não faz sentido você solicitar ao jovem que aos 15 anos decida qual o curso. Por que o curso de engenharia só tem que ter estudantes que fizeram certa trajetória específica no ensino médio? — questionou Manuel.

Estados, Distrito Federal e municípios foram representados na reunião pela secretária de Educação do Rio Grande do Norte, Maria do Socorro da Silva Batista, e pelo presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação no Espírito Santo (Undime-ES), Vilmar Lugão de Britto. Ambos criticaram os resultados discrepantes na implementação da reforma que podem ser causados pela desigualdade social entre os entes federativos.

Requerimento

A comissão também aprovou requerimento (REQ 1/2023) do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) para a realização de uma audiência pública com representantes do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), entre outros.

Novo modelo

A reforma do ensino médio alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB — Lei 9.394, de 1996) para gradualmente implantar o tempo integral, obrigar o uso de uma base curricular comum em todo o país, possibilitar ao aluno a escolha de certas áreas do conhecimento, entre outras mudanças.

A reforma foi resultado da conversão em lei da Medida Provisória (MP) 746/2016, aprovada em 2017 pelo Senado. Mas apenas em 2022 a reforma passou a ser substancialmente implementada, com a publicação de normas. O Ministério da Educação divulgou em 2021 portaria que institui o cronograma nacional e foi alvo da controvérsia. Em abril, o governo decidiu suspender a implantação.

Fonte: Agência Senado

Related Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *